TOURO E ESPERANÇA
A sina de um taurino,
É o silêncio e a tristeza,
Mas a dor do destino,
É ver nossa pobreza.
Pisar na lama teimosa,
Ou ficar sob a luz do luar,
É poder ter o cheiro da rosa,
Ou o frio do orvalho no ar.
Ser de Touro é amar a terra,
E poder sobre ela deitar,
É viver como a água na serra,
Que escorre pra vida gestar.
Mas o touro que vê o horizonte,
E tem Peixes a lhe exaltar,
Vê além do olhar sobre a fronte,
Se o ciclope for lhe galopar.
Mas o touro olhando os céus,
Tem certezas que outros não tem,
Pois rever os cometas de véus,
Traz à mesa os dons que convém.
Como não ser de Touro agora,
Se devia nascer mais distante,
E pensar ser o dono da hora,
Mas o tempo é voo rasante?
Tudo muda, menos no taurino,
E por isso é baú com um fardo,
Pois sempre será seu encargo,
Carregar todo mundo sorrindo.
Uns viventes são só pra seguir,
Pois gravitam sem força e razão,
E os motivos de touro existir,
É que a cerca requer o mourão.
Tudo isso traduz segurança,
Pois no pasto o gado tem guia,
Na certeza de ter esperança,
Como paz de um mar na baía.