NO CADERNO QUE CUIDO
Meu caderno,
tem rasgos e gotas,
sem traças e botas,
e o mel já não há.
Tem os pontos,
mas golfa em vírgulas,
Que escorrem na pena,
pois não sei teclar.
Mas um tautograma,
com tanta gagueira,
merece uma esteira,
depois do jantar.
Porque o cânhamo,
e até minha costura,
será nos reclames,
de meu versejar.
Mas me importa,
é o sentido da linha,
quando abre a porta,
em que possa entrar.
Com um espinho,
transpasso essa porta,
senão minha nota,
não paga o milhar.
E a conta virá,
como o escárnio,
que nem o sufrágio,
da mesa de bar.
Só por isso,
acendo uma vela,
e enfrento a procela,
pois sou feito mar.
Sou só o penetra
com o meu fluido,
no caderno que cuido,
se a terra deixar.