NÃO SER DONO DE TUDO
Sonhos e pesadelos são restos,
Como a água que cai da bacia,
Ou são fornos de um manifesto,
Que escondo na minha bainha.
Não serei eu o dono de tudo,
Mas os dias do meu andarilho,
Que se guardam no lado oculto,
Senão o meu trem perde o trilho.
São tantos fonemas e fótons,
Que a vida degrava em meu Éter,
Gestando as sementes do colo,
Enquanto eu olho pra Vésper.
E nesses mistérios e lendas,
Serei tão somente o ermitão,
Seja agora ou pelas calendas,
Ou no tempo de cada sertão.
Ver xerófilas e todos os cactos,
Só me faz ler a dor do espinho,
Na carência de um maná sacro,
A nutrir-me por todo caminho.