A ESTRADA E O CIRCO
Um dia a vitória será da conquista,
Pois esse é o modo de hoje viver,
E por coincidência me vejo na pista,
Revendo a cidade que diz por dizer.
Foi na estrada que liga a Bahia,
Com o Rio de Janeiro por conhecer,
Que vai pelas Minas que um dia,
Pôde dar Bittencourt pra vencer.
Tudo na história é feito de exemplo,
Por isso é que somos indigentes,
Se o ouro levaram de cada convento,
Deixando só húmus de Tiradentes.
O corpo rasgado e jogado na via,
Serviu à coragem de toda revolta,
Mas hoje o "Quinto" é só fantasia,
Pois são dois quintos sem volta.
Seria benesse se fosse partilha,
Mas todo político quer o quinhão,
E nosso país já não é maravilha,
Pois cada rico só vê o milhão.
Enquanto os ladinos jogam a rês,
Vamos ter piranhas por diversão,
Ao nos distrair mais de uma vez,
Na ginga romana do circo e pão.
Panis et Circenses e os Mutantes,
Diziam em versos a nossa ilusão,
Mas nossa vida é breve instante,
Como nascer e morrer sem visão.
Assim morreu meu leão no quintal,
Enquanto meu ogro corria do sol,
Na mesa o jantar lembrou hospital,
Enquanto lá fora não há mais farol.