SANDÁLIAS DE FRANCISCO
Já andei calçado ou descalço,
Pelas ruas com pedrinhas,
Ou montado em cavalo de aço,
Quando a lua está sozinha.
Procurando viver do pecado,
Mas a noite tem madrinha,
Que me traz um breve recado,
Pois preciso andar na linha.
E assim vou usar meu sapato,
Pra sair com minha vizinha,
Mas se eu for um coitado,
Vou dormir lá na casinha.
Mas a festa foi aqui do lado,
E me vi saindo pela cozinha,
Antes mesmo do batizado,
Quando a noite se avizinha.
Pois o tempo foi meu fardo,
Se os sapatos já não tinha,
E a vida é algo complicado,
Até quando é fim de linha.
Só então vi melhor exemplo,
Que me deram como ofício,
Pois andar é como o tempo,
Nas sandálias de Francisco.
E assim cruzei os desertos,
Subi serras e fui trilheiro,
Com a paz e sendo certo,
Para curar meu desespero.