ENTRE SONHOS E DESESPERO
Sonhar me abre os portais,
e acordado eu faço a viagem.
Mas pensar os sonhos normais,
Traz loucura ou só vaidade.
Mas um dia fui tolo demais,
Ao pensar ter um dia saudades,
E as costas sentindo punhais,
Foi a morte da minha verdade.
E acordei onde não entendi,
Pois dormi noutra realidade,
E ao sair do tempo que vivi,
Via sangue no chão da cidade.
Ter a vida cercada de feras,
Faz o dia não ser benfazejo,
Pois é quando a sede impera,
Mas a água é sonho e bocejo.
Ir à margem do rio em cascata,
Ou à beira de um lago tão frio,
Pra sorver só um gole de nata,
Será sempre um novo desafio.
Só não sei ter ainda a coragem,
De enfrentar no sertão calafrios,
Pois me vejo em uma garagem,
Com a descarga de carro no cio.
Bem ali eu perdi a consciência,
Mas o sono não era profundo,
E eu queria ter mais paciência,
Sem perder a fé e meu mundo.
Mas ver cérbero latir todo dia,
Me confunde ao ter desespero,
Pois de tanto ver dor e heresia,
Temo tudo que seja entrevero.