MILHO AO VENTO
Meu milharal viu o tempo,
Com palhas fugindo de mim,
E o milho, desnudo ao vento,
Não enche meu silo no fim.
Não tinha a chuva do tempo,
Se o tempo é duro assim,
E a terra sofreu sem alento,
Na vida que não tem jardim.
Nós somos o vírus sarnento,
De um cão que arma o fuzil,
Por isso eu temo o intento,
De quem não seja servil.
O ódio viceja no ocaso,
De quem não ama e é mau,
Por isso eu vejo o descaso,
De quem é terra com sal.
Nela quem nasce não vive,
Ou não tem suporte animal,
Pois deserto é como declive,
Onde a areia nos traga afinal.