SERIA O ROBÔ
Era pela manhã de brumas,
Sobre o lago de gelo tranquilo,
Que me lembro das escunas,
E as arcas de tempos idos.
Nessa hora eu sou saudade,
Mas nem sei do que mesmo,
Pois o tempo tem a verdade,
Em que voga o meu medo.
Serei mais feliz nesse instante,
Ou fugindo de vidas passadas,
Se o que vejo não é adiante,
Mas tecido naquelas jornadas.
Como então entender as feras,
Pois é tudo o que somos,
Se matamos sem ter espera,
Ao querer ler cromossomos.
Porque tudo nos entedia,
E a cor da pele é escara,
Mas eu sei ter nas etnias,
O norte que nos ampara.
E se pensássemos tudo igual,
Seríamos feito em fábricas,
Com seu jeito tão nominal,
Mas com cara fria e pálida.
Eu seria somente o robô,
De uma série tão barata,
Ou seria um vil mercador,
De um corpo feito de lata.