FIM DA ESTRADA
Acorda, seu lobo!
Já nasceu o dia,
E nada é mais novo,
Nem há fantasia.
O mundo é finito,
Como são os dias,
Mas hoje é bendito,
Na dor e alegria.
Não cabe impérios,
Nem a hipocrisia,
Nem os impropérios,
Com a sua agonia.
Acabam os minérios,
E os donos de um dia,
Mas o que é mais sério,
É um cego e sem guia.
Em um corpo deserto,
Há mente sem préstimo,
Pois nada dá certo,
Se eu vivo em protesto.
Por isso eu reclamo,
Que não sejais tirano,
Não cometa engano,
Nem seja um incesto.
Mas veja meu plano,
E o amor que lhe presto,
Se um dia o oceano,
Nos deu vida e o resto.
Acorda agora, Maria!
Pois a volante está aí,
E não foi pela alforria,
Que lhes trouxe aqui.
Mas chega o tempo do nada,
Que sobra na fome do abutre,
E o ouro é o fim da estrada,
Como ódio que se desfrute.