ATIVO OU INATIVO: A SAGA
Um certo dia o homem acordou,
Do torpor de ter sido um ativo,
Foi quando viu que nada mudou,
Se agora o que resta é inativo.
Transcorreu carreira de policial,
Mesmo tendo sido um professor,
E se perdeu além de um canavial,
Às margens do habitat de terror.
Foram dias de estrada e hospital,
Ou louvando a morte em velórios,
E corpos que não cabem no quintal,
Mas estão inscritos nos cartórios.
Viveu em acidentes no asfalto,
Mas o mato ainda tem detritos,
E o quarto chora até pelo assalto,
Dos ratos esquivando de apitos.
No seu lar só viu o desespero,
Com filho na mira de um cano,
Sofrendo com o destempero,
Ao não entender qual o plano.
Viveu tudo além do caminho,
Ao tempo e nas tempestades,
Que foram agruras de espinho,
Nos corpos caídos nas tardes.
E o tempo cobrou pelo acaso,
Porque vence o corpo na rinha,
Sem perdão a quem pensa ser raso,
Mas com fé no que se avizinha.
Essa é a saga de um sonhador,
Que lutou por um mundo melhor,
Pois tirou da cartola o pudor,
Com poesias em verso e suor.