DEUSES OU NOSSO AFÃ
As chuvas nas margens do rio,
Me lembram enchentes e peixes,
Mas vêm sempre com o arrepio,
Pois os raios perfuram as redes.
São trovões de Thor e Iansã,
Para não lembrar outros entes,
Que são deuses ou nosso afã,
De ter imortais por parentes.
Assim eu me lembro das odes,
Em que todo herói é semideus,
E até quando um Héracles foge,
Da sina de ser filho de Zeus.
Mas tudo é presente dos vícios,
Ou toda questão sem respostas,
Que não mostrarão precipícios,
Mas a fé como jogo de apostas.
Cada um quer que Deus dê algo,
E que permita sermos Prometeu,
Pois roubando o fogo sagrado,
Não queremos a noite do ateu.
E portanto fazemos ofertas,
Desde quando o verbo é pecar,
Para o dono da resposta certa,
Ser alguém que se vai agradar.