DIA DOIS VEJO YEMANJÁ
Todo ano tem um fevereiro,
Como sempre há o dia dois,
Mas nem sempre há veleiro,
Ou um prato de doce arroz.
Nestes tempos tão modernos,
Orixás e Inquices não são,
Pois um vento é algo eterno,
Se o mundo não gira em vão.
Houve tempos de voz como lei,
Quando hoje tudo é escrito,
Mas a cor no escuro não sei,
Pois a dor é que diz se existo.
É assim que vejo Yemanjá,
Pois que ela merece seu dia,
E por isso há o dia de mar,
Com o enlevo de ter alegria.
Como mãe o seu leite nos dá,
A nutrir todo berço e o poeta,
Com as bençãos do pai Oxalá,
Mas em versos que manifesta.
Ela banha as terras de areia,
Com a vida que brota profunda,
E se mostra como as sereias,
Até quando um barco afunda.
E assim nós saudamos as águas,
Como à vida que vem pelas mães,
Com yabás que vestem anáguas,
Pois só elas creditam as manhãs.