SOLITUDE DOS POETAS
Compreender o espaço desnudo,
Talvez traga uma vazia ilusão,
Pois seria como estar mudo,
Ou confuso ao se ter solidão.
Mas buscar pela nau solitude,
É virtude em viver de emoção,
Como cabra montês e altitude,
Ou nos cirrus olhando avião.
Nessa esquadra a nau capitânia,
Só ancora se há cais na baía,
Desde quando a sua campanha,
Foi fugir da ressaca que havia.
Só quem entrar no mar sozinho,
Como lobo do mar na coragem,
Sabe que a solitude é o caminho,
Contra a solidão da ancoragem.
Quem navega sozinho é albatroz,
Pois no ar não tem onda e recife,
Mas se for com um marujo feroz,
Vão surfar mesmo numa velhice.
Nesse mar, de poetas e versos,
Cabe algo maior que epopéia,
Confabulando por um Universo,
Que remonta ao leão de Neméia.
Mas foi Hércules o Ogum grego,
Ou poesia numa ode qualquer,
Se nos versos há só desapego,
De um filho de Zeus no mister.
E assim lá em África se conta,
Que Ogum matou toda aldeia,
Pelo engano que não adianta,
E assim fez o chão ser cadeia.
Desse jeito sucumbe o forte,
Seja como leão ou elefante,
Que no fim têm como consorte,
O amor de quem fica distante.
E os poetas são como arquivos,
Com a vivência de dor e alegria,
Por viver a inquietude em livros,
Como a voz que se faz poesia.