ELA E A NOITE
Aquela mulher pela noite,
Sozinha, mas tão cortejada,
Andava como num desfile,
Mas só queria ser amada.
Malhava o corpo todo dia,
Pensando ser assim olhada,
Mas o que ela não percebia,
Que o espelho lhe acha fada.
Buscava mil conselhos fora,
Pedia a benção de seus guias,
Tomava um oi como esmola,
Achando ser coisa dos dias.
Cuidava a sua regra imposta,
A esperar por melhor poesia,
Mas quando a mesa está posta,
Não crê que seja de alegria.
O seu prazer está à volta,
Mas ela só precisa entender,
Que seu diamante exorta,
Riqueza e beleza do ser.
E não mais será cobra e rastejo,
Para todos que não querem ver,
Que cada princesa quer beijo,
Mas não quer dormir pra saber.
Só as belas adormecidas,
Aguardam cem anos assim,
Mas sofrem além da medida,
Buscando acordar no fim.
Se Márcia, Maria ou Anne,
Invadem os sonhos de alguém,
Serão como dor de desmame,
Se elas disserem: Nem vem!