MEMÓRIA INATA
Agradeço ao meu Criador,
Pelo discernimento na vida,
Desde que eu nasci da dor,
Mas sou hoje quem convida.
Nascemos e nada sabemos,
Do oculto em memória inata,
Gestada na roda do tempo,
Em veias de vidas contadas.
Aqui nós geramos os filhos,
Ao buscarmos por eternidade,
Se a vida é caminho e o trilho,
Revezando bastões e saudade.
Eu revezo em mil vidas ligadas,
E também pelas eras terrenas,
Onde o barro me liga à estrada,
Com meu gene de pele morena.
Hoje eu rezo em minha jornada,
Registrada em meio a bilhetes,
Como canto de vozes dobradas,
Costurado com meus falsetes.
Pois a vida é segredo do tempo,
Como o giro imbrica com a hora,
Onde o vento se mescla ao relevo,
Para a brisa querer ser senhora.