SUSTENTO E TRABALHO
A mão de motor cheira a óleo,
E a mão na obra só vê cimento,
Mas na cozinha oliva é oleo,
E louro é folha de codimento.
Se há trabalho fora de casa,
É pra buscar por mantimento,
Mas sem sabão nunca se lava,
E cozinhar não é lamento.
Todos os dias terão lugar,
Pra quem luta por sustento,
Seja ao sol ou em um bar,
Na sombra ou num convento.
Mas todos têm sua função,
De professor e até de ferreiro,
Pois há quem planta o chão,
E há quem seja um vaqueiro.
Todos são úteis no mundo,
Desde que a gente existe,
Porque não há vagabundo,
Se tem a fome que insiste.
Por isso há mil migrações,
Desde que há bicho na Terra,
Por entre o chão de vulcões,
Atrás de um rio ou cisterna.
Pois sede clama por chuva,
Que deita em rios e mares,
E quando se colhe as uvas,
A fome é o vinho nos bares.
Mas se resume o trabalho,
Em dar suporte e alegria,
Pois ir à casa do caralho,
É ser no mar só o vigia.