PORQUE O EXAGERO?
Porque mesmo sabendo que queima,
Teimamos em botar a mão no fogo,
Ou mesmo concorrendo ao perigo,
Nos jogamos no meio dos lobos.
Tudo basta se houver equilíbrio,
Mas até comida infarta o glutão,
A rica Pompéia soube o que digo,
Se até muita água dá congestão.
Isso vale para vida e costumes,
Cobrando de nós cada atitude,
Largando de lado os queixumes,
Cortando nós em prol da virtude.
Quem não quiser me seguir, acorde!
Pois chegará uma noite eterna,
E antes do tom vir sem um acorde,
Podes evitar o temor que encerra.
No breu da noite, além das corujas,
Não sei o que há, pois ainda há luz,
E o Coliseu já não é mais de lutas,
Mas é o exemplo do que não seduz.
A morte é certa, mas prezo a vida,
Pois nela sou gente e não pedestal,
Se sorte for morte, porque não convida,
Mas leva sem paz até um general.
Façamos um rito de paz para o dia,
E o coito sereno no colo noturno,
Deixemos o grito pra dizer alegrias,
E o olhar lacrimoso só para o luto.