RIO SAGRADO E VÉU
Para ter o meu rio sagrado,
Rezo nele desde pequeno,
Não lavo um peixe salgado,
Nem sirvo a ele veneno.
Eu planto em cada margem,
Os caules que dão alimento,
E pesco quando há coragem,
Porque há tardes de vento.
Há dias de sol radiante,
Mas tem os dias de chuva,
Há horas de maré rasante,
E tempos de safra da uva.
Na margem nasce o que rama,
E o bicho procura por água,
Mas depois se deita na grama,
Pois o jacaré chora a mágoa.
Lá adiante eu vi uma selva,
Onde achei de volta o arco-íris,
Pois tem cachoeira e névoa,
E o véu de noiva é de Isis.