ESTRELA E SISAL
A minha galáxia tinha mais sóis,
Mas só numa estrela há planetas,
Carregados de luas e atóis,
E por lá viajei com os cometas.
E por estar surfando onde vivi,
Em mar sem um louco gameta,
Eu cheguei numa ilha e dormi,
Mas o pirata era cego e perneta.
Então, criei uma vela e o navio,
E levei meu destino na canela,
Tropego de rum à beira do rio,
Que escorre diante à procela.
Com a minha estrela em espiral,
Eu socorro o pião sem ter linha,
Pois naquele cordão tem sisal,
Amarrando até minha espinha.
São viagens que sonho à noite,
Desde quando eu vi lobo mau,
A uivar para a lua em pernoite,
Pois meu turno é de bacurau.
No sertão a estrela é sinal,
De um sol temente ao carvão,
Sem tequila que sai do sisal,
Mas é cadente e muda o chão.