MINHA COR É VERSÃO
Qual é minha cor para Deus,
Se a pele um dia se rasgar?
Porque há versões de felinos,
E a onça é puma ou jaguar?
Talvez precisemos do olho,
Que veja bem além do olhar,
Para por cada barba de molho,
E o orgulho afundar pelo mar.
Mas a Terra é o lar de todos,
Desde quando o Sol lá está,
Amarelo e cheio de gostos,
Que me faz girassol a olhar.
Não é cheiro de uma axila,
Ou cabelo de trança ou sei lá,
Que define e valora uma vida,
Mas somente o caráter será.
Meu valor será como eu cuido,
Da minha vida, do povo e do lar,
Pois cada ânsia é um descuido,
De alguém que não saiba amar.
Nesses termos eu peço clemência,
A meu Deus, que é tudo o que há,
Pois me cuida até na demência,
Que um dia eu possa enfrentar.
Mesmo doente, ainda eu penso,
Com respeito a quem tolerar,
Mas ainda convivo tão tenso,
Pois o grande pecado é odiar.
Ser feliz só é fato se eu sirvo,
Pois é esse um valor exemplar,
Nem é quando apenas me sirvo,
Pois a fome haverá de voltar.
Então, guarde o saco de lixo,
E fermente o que não jantar,
Seja o gás limpo e sem xisto,
Que sacie a sede de amar.
Me aceite, sou índio e negro!
Só não sou pano de desbotar,
Sou o cerne do que não nego,
Sou a chave do seu avatar.