LÁGRIMAS AO VENTO
Se eu pudesse entender o vento,
Eu seria folha caída longe do caule,
Ou também estaria ainda grudado,
Envergado ao chão num detalhe.
Mas se um dia eu soprar pelo vale,
Será pra lavar nas águas do rio,
Ou na chuva do céu em debate,
Se vem com o vento e um arrepio.
Se o vento soprar ao contrário,
De encontro ao giro da natureza,
Todo tempo será um anti-horário,
E vai revoltar toda minha certeza.
Ao rever tudo que fui sonhar,
Talvez seja em algum pesadelo,
E por isso não vou lhe contar,
Sobre a caspa no pé do cabelo.
Estive um dia na Serra do Cem,
Pois às vezes me vi tão sozinho,
Contemplando a vista do além,
E as estrelas que caem sorrindo.
Serão elas de onde eu vim,
Que estão visitando onde moro,
Ao flertar com a flor no jardim,
Tudo enquanto a noite namoro.
Tenho a face gelada ao vento,
Mas é bom, por ser tudo de Deus,
Que me deixa viver no seu tempo,
E a vida é presente que Ele me deu.
Com o vento me chegam lágrimas,
Que só caem da minha emoção,
E é com elas que leio as páginas,
Que descrevo em minha paixão.