DO QUE SOU FEITO
De barro eu fui feito,
Mas sou mais que terra,
E ao querer ser perfeito,
Sou mescla de pedras.
Sou de vários minérios,
Mas também sou de aço,
Ou talvez só mistérios,
Forjados num tacho.
Que tacho é esse?
Pergunto ao cometa,
Se é facho que aquece,
Ou núcleo de estrela.
Contudo, sou o traço,
Do lápis de um raio,
Que marca o compasso,
De quem nasce em maio.
E touro me rege ao Sol,
E ascendo em Peixes a olhar,
Pois vejo o meu girassol,
Provendo cada vida que há.
Sou casa, mas sou de telhado,
Pois sempre admiro o quasar,
Mas olho pra todos os lados,
Pois sei ser irmão do jaguar.
Sou pedra, sou barro e vida,
Mas gozo apenas em turnos,
E vou desenhando a corrida,
Pra outros viverem o futuro.
Serei só eterno se eu faço,
Passando o que já aprendi,
Por isso, sou sonho e espaço,
E mistérios do que já vivi.