AO OUVIR MATEUS ALELUIA
Como nos disse Seu Mateus,
Antes da letra veio a música,
Despertando até fé nos ateus,
Pois a estrela torna-se lúdica.
Humanos buscam no mundo,
Entender cada fala dos bichos,
E escreve na areia bem fundo,
Sabendo não ler no amanhã.
Tudo já visto ou falado foi canto,
Porque nem nascemos decerto,
Mas chegamos como o encanto,
Da carne em receita do verbo.
As aves e os ventos falavam,
Bem como as feras no cio,
Por isso as folhas farfalham,
E as águas escorrem no rio.
O som das águas na cachoeira,
Serão serenas ou de aluvião,
Mostrando o que chamo ladeira,
Ou apenas cobrindo meu chão.
Onde estou, seja agora ou nunca,
Selarei meu encontro de alma,
Até quando houver uma pergunta,
Que eu não faça no meio da praça.
Então lembro que antes não lia,
Mas falava e até mesmo cantava,
Seja à noite ou quando foi dia,
Pois a boca é o que nos guiava.
Só que hoje eu aprendo em riscos,
Mas são letras que antes pensava,
E não sei se eu faço o que digo,
Mesmo quando ainda eu caçava.
E agora, distante do berço,
O cordão já não vê a placenta,
E as baquetas serão o desleixo,
De não dar letra à reprimenda.