CAMINHOS DE NUVENS
Andava em caminhos de nuvens,
Quando deparei com um dragão,
No espaço era a noite que surge,
Pois o Sol se escondeu no porão.
Escorriam as gotas da chuva,
Sobre o limo na flor do sertão,
E sobrava a poeira na curva,
Pois a estrada é terra no chão.
Chão batido tão cheio de marcas,
Das pegadas de um aluvião,
Pois o rio se foi nas desgraças,
Que matou quem falou de Platão.
Lá não tem as cavernas da sombra,
Só as rochas que escondem preás,
Mas ainda há corais na penumbra,
Tudo isso ao dispor de um guará.
Eu queria ver uma sussuarana,
Se esgueirando nos mandacarus,
Mas o homem a quer só na fama,
E lhe caça bem mais que urubu.
É por isso que escolho o dragão,
Pois o homem não vai lhe caçar,
A não ser quando a sua ilusão,
Se fingir de verdade ao matar.