É NOVE PRA GENTE
São dias de chuva, eu que sei,
Mas também é de anos atrás,
Onde casa pra casar era a lei,
E naquele dezembro foi mais.
O Sol não raiava por dias,
Com a sombra que assustava,
E os clarões eram só agonias,
Porque um trovão ecoava.
Bem num sítio junto à cidade,
Reunimos família e padrinhos,
Sempre à busca da felicidade,
Que mostra e forma um ninho.
Tinha lá muita gente, talvez,
Porque a chuva impede sair,
E até quando se chega de vez,
Lá tem cada porque de se ir.
Foi juntando forças e axé,
Entre mil segredos guardados,
Que selaram a vida na Sé,
Na firmeza de dois ajuntados.
Mas hoje é nove pra gente,
Se lá no Japão foi-se o dia,
E tudo passou de repente,
Pra que não se tenha agonia.
Estando de carro ou a pé,
Ontem foi de Oxum e alegria,
Mas tudo tem sempre o axé,
Se assim é viver na Bahia.
Há duas vidas em cada união,
Como bandas de uma fruta,
E não queiram que seja em vão,
Se o mingau não é de araruta.