VIRTUDES DO SER
Ninguém se acha desonesto e pecador,
Quando se vê acuado no julgamento,
Pois confundem as vestes do andor,
Sem respeito a quem tem argumento.
Não se pode antecipar o vencedor,
Na batalha que exige a trincheira,
E o Natal é de quem dá valor,
Pois a paz é frágil cristaleira.
Certa vez ouvi ecos na taça,
Ao servir uma dose de vinho,
Na certeza que foi boa safra,
De cepa que vinga no Minho.
Quem fere não quer ser ferido,
A dizer que a verdade é adeus,
Mas quando ouve o estampido,
Sua arma não serve a Deus.
Uns dizem ser crias do altíssimo,
Mas ferem de morte os irmãos,
E dizem ter bom compromisso,
Mas usam a bíblia em vão.
Nesse jeito, se igualam a patrícios,
Com a fenda do islã no sermão,
Mas tem guerra santa por vício,
Como entende da lei, Talião.
Só reclamo que a vida não é cine,
Como querem ser nossa criação,
E o mistério é o termo do crime,
Ou segredo que é dono do chão.
É complexa a virtude do ser,
E por isso, dou voz ao Senhor,
Se o nexo causal me imprime,
Como letra do meu tradutor.