O LAMENTO INSISTE
Refutando a paz que almejo,
Eu sei que o contraste persiste,
Se flertar com o que não vejo,
É a dor do lamento que insiste,
Pois não tenho mais o bocejo,
E nem mesmo direito ao beijo,
Porque a vida se faz tão triste.
Com o jeito de ser cão sarnento,
Eu me escondo até da memória,
Quando a vida vem no tormento,
E eu desejo só dias de glória,
Onde a praga é ter documento,
Como o pão a querer fermento,
Mas não tem a corte da história.
Pra manter caranguejo no mangue,
O sujeito suporta os caprichos,
Ou por quem eu choro meu sangue,
E sem jeito eu perco meus bichos,
Só deparo com feras e gangues,
Como a seca na borda do tanque,
A dizer que aqui é um hospício.
Então, louco, eu pulo da borda,
Na galáxia de um só monastério,
Sem olhar o que tanto revolta,
Se é tudo um grande mistério,
Mesmo quando sinto a porta,
Que se abre como a comporta,
E me diz o segredo mais sério.