ESQUINA SEM BEIRA
Em cada esquina estou nu,
Exposto em quatro bordos,
Mas guardo meu lado Exú,
Levando presságios e votos.
A sina de um ser Belzebu,
Reside apenas nos egos,
Se a crina de um casto gnu,
Debocha da hiena que nego.
Passamos a vida no ócio,
Porque não buscamos perdão,
E quando fazemos negócio,
É sempre enganando o irmão.
Por isso não digo que faço,
Por já não sei por quem luto,
Se o amo que dita meu passo,
Distorce o meu ser resoluto.
E eu fico no espaço sem beira,
Lutando com a força da estrela,
Dizendo palavras de feira,
No ventre que goza impoluto.