RASTROS EM LUAS DE MEL
Certo dia percebo ter rastros,
Pela estrada que seca está,
Eram marcas no seio do lago,
Que o sol lhe insiste queimar.
Só não vejo mais o meu gado,
Porque ele mudou de lugar,
Pois choveu além do cercado,
Com as gotas que vão recriar.
Toda vida na Terra é anseio,
Que depende do vento e o mar,
Ou do giro da estrela do meio,
Que só pode me ver ao luar.
Tudo cresce ou fecunda o solo,
Se a luz acha o seu bom lugar,
Onde sonhos são postos no colo,
Com as bençãos da Mãe Yemanjá.
Tendo caça nas mãos de Oxóssi,
No atributo que traz o manjar,
E este símbolo é algo tão nobre,
Que até Tempo e Exú vem jantar.
E assim vem a chuva faceira,
Nos brindar com a flor de Ewá,
A mostrar o arco-íris na beira,
Do meu lago pra todos pescar.
Vem Oxum e me vê de primeira,
Pois eu sou de Ogum e Oiá,
Ou até meu Xangô e a fogueira,
Serem o fogo que aquece o lar.
Desse jeito a floresta agradece,
E os bichos terão seu farnel,
Pois o meu ser humano floresce,
Quando a casa não for de papel.
Pois a vida mostra o compasso,
Dos cometas como um corcel,
Depois do passeio no espaço,
Onde passam as luas de mel.