FORA DO PRUMO
A idade do mundo me cobra ação,
Pois sou forja de tudo que faço,
E a verdade será como o chão,
Que, no fundo, define meu passo.
Certa fez eu revi a montanha,
Lá erguida e soberba por eras,
E o meu ancestral viu a sanha,
Do que hoje seriam quimeras.
Olho em busca de um belo horizonte,
Onde a montanha não mais está,
Porque o vento foi forte e marcante,
Levando a montanha no ar.
Onde tive desertos agora é mar,
E onde havia barco hoje é sertão,
Mas tudo isso levou-me a pensar,
Que o homem esqueceu o timão.
Mas algo está fora do prumo,
Como a vida depois de ser morto,
Pois não saberemos qual rumo,
Guiará tanto espírito de porco.
E assim, coitados são suínos,
Despojados junto aos demônios,
Porque não é somente os sinos,
Que nos embalam nos sonhos.
Hoje há dispensa da abelha,
Pois querem mel pelas coxas,
Mas não veem o Sol e a estrela,
Deixando as nuvens mais roxas.
Desse jeito eu não vejo amanhã,
Desde quando eu mato os dias,
Porque não há mente mais sã,
Se a vida é pressa e agonia.