FOLHAS LIBERTAS
FOLHAS LIBERTAS
Certo dia eu tive a tarde /
Com as sombras da videira /
Que deixava folhas tão libertas /
Que voavam de primeira.
Ser um vento sem alarde /
Faz das uvas uma certeza /
Ao madurar mesmo que guarde /
A aspereza de estar na mesa.
E ainda naquela tarde /
Fui de sangue das uvas /
Pois o que até se sabe /
Cabe numa água turva.
Então, me chega a noite /
Depois de um solstício /
E tanto pede por pernoites /
Que são causos desde o início.
Mas se eu volto para cidade /
Também vejo a fonte seca /
E como andei pelas tardes /
Vi na rua as folhas secas.
E me bate uma saudade /
Das manhãs e tardes postas /
Pois não tive a tola vaidade /
De querer ter as respostas.