MIL LÍNGUAS E NOITES
MIL LÍNGUAS E NOITES
Não domino mil línguas,
Pois se falo eu não calo,
Quando eu vivo à míngua,
Se nem tudo está claro.
Mas eu gosto de country,
Como o enlevo da alma,
Que remete meu sangue,
Com a certeza da estrada.
Ou também vou de blues,
Com a torre e um cavalo,
Pois na torre estou nu,
Mas na sela eu me valho.
Só relembro das mangas,
Que colhi na mangueira,
Ou os gomos das canas,
Que comprei numa feira.
Com o fumo que masco,
Lembro a noite tão crua,
Sem garapa no frasco,
Pela estrada tão nua.
Foram assim todas noites,
Sob o olhar das corujas,
Sem descanso em pernoite,
Ou com roupas tão sujas.
Só que o sol em meu lombo,
Eu comparo aos que sofrem,
Mesmo quando eu tombo,
Pois os bons é que morrem.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 15/10/2021