CAVERNAS E CADERNOS
CAVERNAS E CADERNOS
No tempo além das cavernas,
Também fui um bicho a vagar,
Mas ainda me via com pernas,
E não como a besta a urrar.
O tempo antes dos cadernos,
Me disse o que ainda não há,
Porquê um discurso sem verbos,
Me diz que não posso sonhar.
Eu já precisei dos meus dentes,
Mas não foi só para lacerar,
Pois ouvi meus avós providentes,
Que nem sempre preciso matar.
Foi nessa andança e floresta,
Que me vi entre frutos e nozes,
Descobrindo a raiz da promessa,
Muito além de desejos ferozes.
E voei não de pterodáctilo,
Mas pairei com um colibri,
Se a fera ficou no jurássico,
Quando em flores vivi.
Porque pactuei com as abelhas,
E lhes disse que tudo podemos,
Pois a vida acende as centelhas,
Que geraram o que hoje temos.
Por isso reclamo por paz,
E o respeito à Mãe Natureza,
Para ter Amazônia por cais,
E os barcos além de Veneza.
Mas ao vento meu corpo ressoa,
Quando eu remo no igarapé,
Na lembrança de ver as canoas,
E o índio que vagueia à pé.
Reclamem até de quem queira,
Mas na vida o simples é tudo,
Assim como o pé de oliveira,
Ao nos dar um prazer absurdo.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 30/09/2021
Alterado em 30/09/2021