AS CORDAS COMO CIPÓ
AS CORDAS COMO CIPÓ
Busco me ver como as cordas,
Que são tão sonoras em tudo,
Até mesmo se não concordas,
Se nelas expresso meu luto.
Cantando tristeza e alegria,
De acordes com o caminhar,
É porque cada vida é um dia,
De acordo com nosso sonhar.
Em cada instrumento de corda,
Tremula a mão que lhe toca,
Enquanto a biriba se entorta,
Na vara de quem tá na roda.
Por isso sambo a capoeira,
Num salto do corpo suado,
Na ginga que se esgueira,
O 'nego fujão' pelo mato.
Vi cordas que tanto sibilam,
Qual vara de cipó caboclo,
Nas costas que se humilham,
Escravas de vidas no lodo.
Mas hoje a surra perdura,
Na língua de cada peçonha,
Se mata enquanto tortura,
O servo que tanto apanha.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 30/09/2021