MINHA BÚSSOLA
MINHA BÚSSOLA
Percebo sempre que acordo,
O inverso que conta o relógio,
Se me enxergo longe do bordo,
No caminho de cada nó górdio.
Minha bússola me lembra algo,
Que reparo em cada ampulheta,
Pois recusa a areia que guardo,
Escorrendo o grão da colheita.
Mas o sino me diz num badalo,
Que dobra também por Lucero,
E o destino me faz abestado,
Cobrando o futuro que quero.
Mas o lero de palavras soltas,
Só nos servem para claudicar,
Por não ter as letras e notas,
Para história que vou contar.
Porque letras cabem no canto,
Ou descobrem o véu do luar,
Se por elas conheço um santo,
Ou revelo um frágil calcanhar.
Foi assim com o jovem Aquiles,
Mas Eneida também quis mostrar,
Como fábulas do tempo de Osiris,
Pois em Tróia e Egito tem mar.
Só então velhos tempos se vão,
Ou escondem de nós o enredo,
Se no delta do Nilo há o grão,
E um barco de Argos dá medo.
Mas riqueza foi sempre a razão,
Que gerou guerras sem motivo,
Pois a cova só vale um tostão,
Se o morto é que vai ao jazigo.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 29/09/2021