MEU FUSCA NA ESTRADA
MEU FUSCA NA ESTRADA
Já tive mais carros que lar,
Desde que vivi tão depressa,
E um garoto se via a sonhar,
Em viagens e boa conversa.
A infância me viu trabalhar,
Com um mundo de servidão,
Em que balas podiam falar,
E a escola servia ao canhão.
Todo dia hasteava a bandeira,
Iludido em se ter uma nação,
Mas o voto é cabresto e poeira,
Numa estrada sem ver direção.
No Planalto e pelos Estados,
Era só a geral e os fossos,
E quem duvidava, ó coitado!
Tinha só o caixão e os ossos.
Mas ainda me lembro de ontem,
E meu Fusca na estrada corria,
Pelos tempos de frio e fome,
Que perduram até hoje em dia.
Pois se tudo sempre repete,
É porque corriola é um fato,
Que botou o Brasil de pivete,
Para ser o que nem é relato.
E por isso a estrada de hoje,
Tem neblina e óleo no asfalto,
Onde tudo se verga de entojo,
Na esteira de cada assalto.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 18/09/2021