REINADOS (A)NORMAIS
REINADOS (A)NORMAIS
Bem antes de meu nascedouro,
Meu sonho é com reinos reais,
Com o escambo largado do ouro,
E cânhamo queimando jornais.
Mas antes da ave ser louro,
Falavam todos animais,
Em línguas de grilo e besouro,
A zunir e abrir os portais.
No berço a pantera descansa,
E a cobra se aquece no cais,
Se a chuva no vale é mansa,
E no mar de Netuno é demais.
Meu navio não cabe oceano,
Mas o mar de metano é convés,
Entre o lar de Netuno ou Urano,
Vou singrar com minhas galés.
Só não vê a linha no meu pano,
Quem enxerga só pele em Pelé,
Pois a melanina é meu plano,
Que engana até César e Noé.
Eu só quero reinados normais,
Pois as guerras me doem os pés,
E as caligæ calçoam bem mais,
Ou nomeiam loucos pangarés.
Desse jeito encontro anormais,
Como um Nero só faz o que quer,
E os fascistas ou quem for demais,
Vem matar ou roubar-nos a fé.
E assim ressurgiram os loucos,
E os Brasis vão de mau a pior,
Mas falar já me deixa tão rouco,
Se o Katrina é um vento melhor.
Sou melhor a enfrentar furacões,
Pois a Terra tem regra e bordão,
Já que o homem é de emoções,
Que encerram a trégua em vão.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 29/08/2021