CRIANÇA E MANGUINHO
CRIANÇA E MANGUINHO
Na infância de uma criança,
A mestra também estava,
E tudo é mais que distância,
No tempo de pés na estrada.
Se os pais da cidade fugiam,
Foi porque o sustento faltava,
Pois os ditadores só viam,
Os comunistas sem farda.
Mas nesse tempo não tinha,
O filme do que se roubava,
E o pobre corria a latinha,
Pra esmola suprir a jornada.
E enquanto o mundo ardia,
Depois de um algoz capital,
As crianças tinham alegria,
Sendo livres como o animal.
Se o bicho na mata assobia,
Com sapos coaxando no lago,
Não há luxo e nem agonia,
Na noite sem fada ou mago.
Então, foram achar curupira,
Mas o rastro dizia o contrário,
Que fez o Saci ser mentira,
Sorrindo até pro sicário.
Foi num recanto Manguinho,
Que o tucano viu a preguiça,
E o tatu usou tamanquinho,
No vento que cheira carniça.
E aquela criança fez ninho,
Ao ver tudo de uma janela,
Com casa de taipa e moinho,
Pra cana, garapa e canela.
E o mundo lá fora eclodia,
Na guerra que nunca encerra,
Sem entender cada dia,
E a cisma que rasga a Terra.
Por isso perduram os fascistas,
Em nome de Deus blasfemando,
Dizendo-se bons e altruístas,
Embora, matando e roubando.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 19/07/2021