CAATINGA E ESPINHOS
CAATINGA E ESPINHOS
Chegou um momento na trilha,
Diante das encruzilhadas,
Apagando a lanterna de pilha,
E, na sobra, apenas enxadas.
E tudo me leva à caverna,
Pois lua não surge pra nada,
Se a noite esconde Minerva,
E a justiça se vê solapada.
Parece a volta ao cangaço,
Se a fome se mostra armada,
E o povo ressente o cansaço,
Em nome de arma ou nada.
Então, nosso dias se entregam,
Ao ócio do ódio que entonta,
Se o ladrão a tudo nos nega,
E não dando, cobra a conta.
Agora não tem mais escola,
E o livro se torna mais caro,
Nem posso dar uma esmola,
Porque já não há anteparo.
É triste saber que a desdenha,
Se mostra tão forte ou fácil,
Porque construir nos empenha,
E não é sambar na Estácio.
Só sei que apesar das chacinas,
Caatinga e Rio são espaços,
De espinhos além das piscinas,
E conflitam a todos palácios.
Mas tempo e vento contínuo,
Selam cada carta enviada,
Num voo de cirrus ou nimbos,
Mesmo quando a lua retarda.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 15/07/2021