MEU BOLODÓRIO
MEU BOLODÓRIO
Os dias só chegam para os vivos,
Mesmo que sejam múmias no Egito,
Mas o que disseram eu contradigo,
Pois sou o mistério do que acredito.
Andando nos fachos de luz estelares,
Transando em ninhos sem gravetos,
Velando com ouro e gestos vulgares,
Eu tenho ao pescoço o meu amuleto.
Assim são os ritos em cada milagre,
Todos carentes da minha blasfêmia,
Se é que não digo o que ainda cabe,
Pois sou o discente de cada ciência.
Meus dias de pária suportam desterro,
Pois nasci num mundo sem esquinas,
E ando à procura de não ser enterro,
Se o que nos cabe é mais que vacina.
Eu vivo por causa do aprendizado,
Que busco nas gotas mais lacrimais,
No crivo das chagas do meu encantado,
Pois choro na dor que ainda é demais.
Queria viver bem além do meu sonho,
Para aprender se o saber vale a pena,
Pois ser apenas um sapiens estranho,
Não vai resolver minha vida pequena.
Mas vou conflitar o desleixo que vejo,
E a falta de paz que há num velório,
Pois tudo vai dar num último cortejo,
Findando os erros do meu bolodório.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 14/07/2021