PASSAR PELOS GÊMEOS
PASSAR PELOS GÊMEOS
Findou nove décadas ontem,
E hoje é mais um novo dia,
E se ontem eu fui lobisomem,
De novo eu sangro na pia.
Bem cedo escovei os dentes,
E também lustrei o assento,
Para que estejam contentes,
Com cada palavra de acento.
Assim diz a fala no grave,
Querendo mostrar ter força,
Pois se o agudo é suave,
O médio será como louça.
Em cada etapa da vida,
Há mostras da própria versão,
Se a casa de taipa suscita,
Um lar bem além de Plutão.
Por tudo não sejas abelha,
Nem cupim ou um formigão,
Mas busque ser a centelha,
Que torna real a ilusão.
Sonhemos com um olho aberto,
Esquerdo, direito ou terceiro,
Sorvendo o choro tão certo,
Que cedo, e à luz, é certeiro.
Vivamos gozando o presente,
Mesmo quando temos passado,
Se o prêmio de cada semente,
É somente o fruto almejado.
Assim, meu arcanjo conspira,
Sem dizer o que está guardado,
E o livro do tempo transpira,
Se o banjo é por mim tocado.
Então, Raphael e Gabriel,
Tragam curas e anunciação,
Pra paz abrandar São Miguel,
Do visgo da minha paixão.
E nesse passar pelos gêmeos,
Depois de touro se aquietar,
Tem lados do que nós podemos,
Misturas de amor e sonhar.
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Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 17/06/2021