MEMÓRIA A SANGRAR
MEMÓRIA A SANGRAR
A tarde se achega pro ócio,
Depois de um dia a andar,
Além do igual de equinócios,
Pois é tão bom descansar.
Me lembro da pátria Caymmi,
Em cuja Bahia é meu lar,
No mar ou sertão que exprime,
A roupa que estou a lavar.
Por isso busquei cachoeira,
E todas aguadas que achar,
Fumaça, Paty, Mangabeira,
Capão da invernada que há.
Pois beira de mar e altitude,
Aqui tudo posso encontrar,
No berço da nossa atitude,
Que faz capoeira eu jogar.
Dançando na luta da vida,
Fujão de um chicote a flertar,
Se capitão do mato convida,
Eu tenho que logo escapar.
E essa tem sido a memória,
Que trago de outrora a sangrar,
Se não me registro na história,
Pois negro nem pôde estudar.
Pois branco ou rico judia,
E a terra ou casa não dá,
Liberta mais sem alforria,
E nem nos permite sonhar.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 27/05/2021