POESIA DE VÉSPER
POESIA DE VÉSPER
Estava sentado à mesa,
Naquela tarde brejeira,
No aguardo da minha tristeza,
Esquecer a dor que flameja.
Foi assim, ante um copo gelado,
Que sorvi da poesia de vésper,
Entre prosas postas de lado,
A sonhar com Héstia ou Hebe.
Só assim vou diante à lareira,
Saciar-me junto a Deméter,
E sorver todo néctar que beira,
O amor de Afrodite ao Éter.
Só assim vão os carros de fogo,
Atrelados às asas de Pegasus,
Pois Apolo se mostra pro jogo,
Na certeza de sermos tão cegos.
E agora só me restam as gotas,
Do alambique que vi na Chapada,
Nas alturas que guardam as noites,
Que escondem a coruja coitada.
Com estrelas ou nuvens esparsas,
Só a lua poderá me aceitar,
Se o bar já não tem meus parças,
Então sonho em me embriagar.
Mas não vai ser com a vertigem,
Da maldade dos que me odeiam,
Que não sabem ter mesma origem,
As razões ou luxúrias que anseiam.
Pois eu vivo do ar sem azia,
E reclamo do gosto da ameixa,
Quando o fausto virou fantasia,
E os caroços é a dura queixa.
E ainda sentado à mesa,
Eu sucumbo ao peso do tempo,
No conforto que a natureza,
Me permita ser pólen ao vento.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 19/05/2021