NÃO TER MEMÓRIA

NÃO TER MEMÓRIA

A construção do lar tem tijolo,
Mas pode ter trincas no andar,
Se a massa não passa no rolo,
Ou ainda é preciso secar.

Mas casa de quarto pequeno,
Precisa de rede ou beliche,
Senão pode haver serraceno,
Querendo a tenda e o trapiche.

E por isso invadiram a Iberia,
Rumo a Portugal e Espanha,
Pois o seu deserto é miséria,
Ou o Mediterrâneo lhe banha.

Esse é o mundo em que estamos,
Cheio de discórdia e furor,
Que teve Aníbal e os romanos,
E até um Catão Senador.

Somente pondero a memória,
Que muitos parecem não ter,
Se pensam que tudo é glória,
E nunca se possa perder.

Por isso escorrem no esgoto,
Que fede em todas capitais,
Seja em Brasília ou Lesoto,
No fausto que oculta animais.

Enquanto as hienas presidem,
Os chacais criam as suas leis,
E se unem enquanto decidem,
Quais povos imolam por vez.

E assim sangram cada vítima,
E os que vivem da enganação,
Pois nunca percebem a perfídia,
Com quem sofre em suas mãos.