ESTAÇÕES COMO ONÍVORO
ESTAÇÕES COMO ONÍVORO
Era inverno e fui até lobo,
Mas queria o verão para ser cão,
Tive inverno com todo o lodo,
Mas eu pedia apenas perdão.
Foi outono e até fui besouro,
Mesmo quando não era zangão,
E a primavera é meu tesouro,
Pois nas flores encontro emoção.
Tudo é cheiro além de biscoitos,
Como a pizza seduz o glutão,
Mas às vezes café tem um troco,
Numa geléia passada no pão.
E se cozinho a carne de porco,
Ao modo chinês ou de um alemão,
Tudo me diz que chucrute é pouco,
Se minha massa tem manjericão.
E foi assim que fui sopa ou caldo,
Para servir em cada estação,
Se processaram meu corpo num fardo,
Como o charque junto com pirão.
E quando eu digo ser um onívoro,
Gostando de carne ou mel e feijão,
É por saber a razão de estar vivo,
Ao enfrentar todo tipo de chão.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 04/05/2021