ENTRE CONTINENTES E MAR
ENTRE CONTINENTES E MAR
Pensando em circular pelo mundo,
Marquei compromisso de não calar,
E fui buscar um recanto fecundo,
Que se esconde no seio do mar.
E andando nas areias da praia,
Senti o meu corpo afundar,
Enquanto as guelras se ensaiam,
Não serei mais andar ou nadar.
Longe nasci, mas não sei o lugar,
Nem como eu cresci numa esfera,
E não percebi ter saído do mar,
Se padeço a andar sobre a Terra.
Mas foi andando no fundo do mar,
Por vales que não me inspiram,
Que vi o peso do abismo que há,
No escuro do altar que conspira.
E ao sair do profundo oceano,
Me vi em mais um continente,
Cumprindo meu plano humano,
Buscando por boa semente.
E as borboletas estão pelo campo,
Cobrindo de sombras meu torso,
Num voo ao som do meu pranto,
Enquanto me enxugam o rosto.
Mas guardo o resto de lágrimas,
Nos tanques de bons baobás,
Pra ter o consolo nas páginas,
Escritas com as gotas do mar.
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Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 26/04/2021