ENQUANTO NÃO VÊ O RABO
ENQUANTO NÃO VÊ O RABO
Enquanto se vão as galáxias,
Girando ou rompendo o vácuo,
Eu procuro dentro das caixas,
O nexo do meu simulacro.
Queria ter dons de malícia,
Para suportar desventuras,
Pois viver sem a carícia,
Denota minha pele tão dura.
Já sinto meu casco trincando,
Será o choque de uma estrela,
Caindo cadente ou surfando,
Sem demonstrar-me surpresa.
Cada partitura de um canto,
Encontro no canto da sala,
Por onde dedilho meu pranto,
Diante do casco que estala.
E assim já nem vejo Galápagos,
Nem sinto as ondas do mar,
Que já não me dão os afagos,
Na espuma que me faz sonhar.
E meu experimento eu guardo,
Se aquele foguete não queima,
Pois seu tanque vaza no lado,
Do ovo que gesta minha gema.
Então, jabuti ou lagarto,
Sou bicho do tempo antigo,
E ainda procuro o espaço,
Em busca de melhor artigo.
Pois hoje sou mero primata,
Que não vê o rabo sumido,
E aguarda numa casamata,
Ser morto pelo inimigo.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 21/04/2021