NINFAS DE MAYA NO MAR DE SARGAÇOS

NINFAS DE MAYA NO MAR DE SARGAÇOS

A estante da sala aguarda meu livro,
Mesmo até quando eu nem escrevi,
Pois as letras rejuntam o que digo,
A esmo ou no ermo em que eu vivi.

Até mesmo hoje e após dessalgar,
Aquele meu charque se chama jabá,
E quando descrevo o que foi meu lar,
Eu mexo o pirão que farei pra Sabá.

E logo mais tarde toco um violão,
Embora nem saiba ao menos cantar,
Somente pra ter a mesma emoção,
Que chame por Vênus para namorar.

E sob um luar ouvirei cada ode,
Se a brisa do mar molhar o meu rosto,
Se vai marejar num poema de hoje,
Ou vai suspirar pelo mês de agosto.

E vai aguardar as calendas de março,
Ou se deparar com as ninfas de Maya,
Na concha que abre no Mar de Sargaços,
Por entre golfinhos em frente à praia.

E bem nesses dias terei logo escrito,
Os versos que cantei perante Netuno,
Como as profecias de frutos benditos,
Que Roma e gregos doaram ao mundo.

Mostrando que o eterno se torna mundano,
Se o que alcanço me cobra estar vivo,
Sonhando ser luz bem além do humano,
Enquanto desfruto o prazer que cultivo.

Pois Deus tem facetas em cada estigma,
Como as caretas que cobrem meu rosto,
Enquanto o mistério tanto nos instiga,
Como as vinhetas de tudo que posto.

Por isso poesia é fruto da vida,
Depondo o quanto seja arremedo,
Em cada segredo que nos envida,
Como o vento escuta o que vejo.

🦪🦀🦑🦞🐚