MAS É CEDO
MAS É CEDO
Toda vez que renego a verdade,
Do que todos entendem decerto,
Eu me vejo abraçado à morte,
Se viajo por caminho incerto.
Toda vez que estudo mais tarde,
Perco a chance de mais aprender,
Pois o tempo se vai sem alarde,
Solapando o que posso viver.
Cada vez que defendo a maldade,
Minha sanidade só faz perecer,
Pois profano é perder a bondade,
Sem a caridade que eleva o ser.
Se agirmos sem culto ao ódio,
Ou vivermos sem lados no mundo,
Vamos ver que o melhor episódio,
É o agora de um sonho fecundo.
Quando a paz for fiel plataforma,
Que só plante o que une o tempo,
O passado e presente transformam,
O futuro que nos sopra o vento.
Só assim verei meu rochedo,
Lapidado e moldado na areia,
Sendo jóia que gesta meu medo,
Ou encosta que aguarda a sereia.
Mas é cedo para alguma estrela,
Ver humanos pregando a paz,
Se a fornalha sem ter a centelha,
Não enseja o que somos capaz.
E se ainda não tenho a luz,
Como posso ter algum futuro?
Se o Cosmo somente conduz,
Pela liga do jovem e o maduro.
Só por isso ainda temo ser torto,
Abraçado à morte e loucura,
Por viver debruçado no esgoto,
Do orgulho, ganância e tortura.
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 11/02/2021