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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos
O GALOPE DO PROGRESSO

O GALOPE DO PROGRESSO

O mundo galopa junto com o progresso. E assim, nós passamos de 300 milhões de habitantes no ano zero da era cristã para mais de 7 bilhões e meio de almas em 2020dc, embora o primeiro bilhão só tenha chegado em 1800dc.
Observem que esse aumento populacional caminha "pari passu" ao desenvolvimento das tecnologias de saúde pública, saneamento e métodos modernos de produção agropecuária.
Ou seja, ao tempo em que reduzimos a taxa de natalidade aumentamos a idade média e inchamos o planeta.
Já não nos deslocamos apenas a pé, nem sobre o dorso de animais. Avançamos, em etapas que também tiveram as carroças e carruagens, para as locomotivas sobre trilhos e, no momento presente, chegamos aos veículos automotores, aviões, barcos a motor, espaçonaves, balões dirigíveis e bicicletas de ligas leves ou até patinetes a motor.
Vieram as vacinas e todos os fármacos, além de equipos para diagnósticos médicos mais assertivos, proporcionando a cura de tantos males milenares que dilaceravam a sociedade
humana.
Hoje, dormimos melhor, comemos melhor, moramos com muito mais conforto, em todos os nichos climáticos, pois até no deserto ou nos pólos nós criamos estruturas adequadas à subsistência. Até mesmo a interação humana e dos espaços habitáveis se dinamizaram com a era digital e tecnológica.
Todavia, devemos lembrar que a vida é sempre uma continuidade, pois nós somos uma sequência de hereditariedade, onde podemos dizer que a imortalidade estará sempre na sobrevivência genética, que herdamos e transmitiremos aos nossos descendentes. O resto, eu diria, que é balela e misticismo.
Nós temos a obrigação de não guardar conhecimento, pois se o fizermos estaremos levando para o túmulo o futuro da humanidade. Tudo que aprendemos deve ser replicado, contrariando o cerne dos egoístas, pois estes estão fadados a só morrerem.
Mas é preciso chamar a atenção de todos para os erros que cometemos, os caminhos fáceis que procuramos para nossos objetivos, os quais podem nos levar à decadência e ao fim. Afinal, a prepotência de alguns indivíduos, arraigada a uma ganância desmedida, pode comprometer tudo o que a humanidade fez até hoje. Principalmente se pautarmos a nossa jornada sem olharmos para o coletivo social, pois estaremos sendo não só egoístas, mas incorrendo nos riscos da xenofobia, do racismo, da misoginia e de tantos outros erros, no afã de sermos donos de uma verdade coletiva, quando no máximo podemos ser donos da nossa individualidade, caso não estejamos sob a sedução de pessoas carismáticas, que nos levam a crer no imaginário e em aberrações.
Sabemos também que a sociedade se sujeita a ciclos, ou marés, e dança conforme a música. É por isso que alternamos momentos de retrocesso ou avanço social, onde sambamos entre a liberdade e a opressão, como se vivêssemos o social em estações climáticas, alternando frio e calor.
Então, quero dizer a todo o povo, seja da elite ou da grande plebe, que nesse momento está se gestando um novo período de trevas sociais, que podem se ampliar para o próprio planeta, eclipsando o futuro da vida na Terra.
Estamos a ver a descrença no óbvio, no todo aprendido ou desenvolvido, como se o dia só fosse a noite, e o domínio da força das feras tivesse lugar.
Percebemos que a sociedade já não se respeita, e mesmo sem olhar como era o antes, se presta a voltar a sofrer como gozo, num ato insano, revestido de sadomasoquismo.
E por isso, agora achamos que ditadura é bom, que matar semelhantes é algo gostoso, que não vacinar vai curar nossos males, se já nem sabemos de onde buscar. Pois muitas pessoas nem sabem como era a vida sofrida de antes, achando que leite só dá no mercado. E nem percebem que as frutas de hoje romperam as estações, assim como as casas de agora são climatizadas, sem lembrar que antes só tínhamos cavernas e toscas choupanas na beira da estrada.
Hoje nossos filhos têm incubadoras, e não são natimortos para fazer chorar. Hoje eu falo com o outro lado do mundo, e vejo mais fundo que um peixe no mar. Eu vôo mais alto que o condor nos andes, eu chego mais rápido do que a chita ou o falcão, eu vivo bem mais que o meu papagaio e colho as tâmaras que eu mesmo plantei. Eu leio porque não sou analfabeto, pois hoje sei ler, sem ser do clero ou do poder. Hoje eu choro sem precisar sentir dor, porque meu sorriso também é liberto.
Então, seja livre e de sem mais pudor, pois nascemos nus e daqui nada levo.
Mas deixo a todos o que aprendi, pois minha emoção é poder me doar, pois nada pedi, mas só agradeci, o que só me veio para lapidar.
Pois Deus não me induz ao bem ou ao mal, mas cobra no fim o todo do contrato, pois lá eu terei o que fiz e plantei, pois a macieira não dá boi no pasto.

 
Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 14/01/2021
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